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Tentativa de redução do papel da Polícia

Sempre que bandidos fortemente armados afrontam a instituição Polícia – força pública e defensora da sociedade organizada - a despeito de incursões e/ou abordagens nas favelas e tugúrios das cidades, ouvem-se pronunciamentos, de forma açodada e recorrente, de exóticos “cientistas sociais” que seguem a tônica de redução do papel do homem policial. Creio que proceder assim, é desfigurar o público, induzindo este a não se sentir compromissado com o que lê e assiste, principalmente com a gênese da verdade histórica, política e social do nosso país. 

Citações repetidas sobre comportamentos isolados de policiais, insistentes críticas contra estratégias adotadas pelas corporações no combate ao crime, comprometendo policial com violência e marginalidade, revelam tentativa de redução da função policial. Perguntamos: qual o propósito desses senhores com os seus delírios intelectuais? Lamentavelmente há um “esquecimento” da complexa situação brasileira; será que proposital? Em pleno século XXI persistem desde a brutal concentração de renda até o êxodo rural, que produz a favelização do equipamento urbano, alienação das massas, a deseducação e a falência da pedagogia familiar.

Políticas de pão e circo (às vezes só circo) continuam anestesiando os graves sintomas de fome e miséria absoluta. “Usinas de miséria no campo jorram nas cidades hordas de retirantes que tornam o romance VIDAS SECAS, do gênio de Graciliano Ramos, um documento sempre atual de nossa sociologia”. Aos desatentos, aconselhamos: olhem ao redor e constatem as “crianças malabaristas” e as “crianças tabocas” incorporadas as sinaleiras e estacionamentos, quase todas oriundas do interior; visitem as periferias e vejam o que fazem e onde estão as nossas crianças. É problema de Polícia? E se acontecer o erro social...? Cruzam-se os braços, a Polícia “resolve” e assim a vida continua “não é comigo não...”, que desalentadora paisagem!



Convidamos à reflexão: imersa neste contexto, a presença policial se parece com a do pára-quedista que surge de repente, num ambiente que se revela caótico, confuso e injusto, contudo, exigem-se dela respostas imediatas e profiláticas.  Emerge uma intensa pressão da sociedade no sentido do combate ao crime. A Polícia transita entre ser comunitária, promotora da cidadania, pró-ativa, e ao mesmo tempo, em fração de segundos, instada a confrontar-se com a criminalidade de alto risco, de relance, entre a vida e a morte. Numa situação desta colocá-la sob expiação pública, sem uma análise aprofundada, é no mínimo hipocrisia. Concebo que um olhar, uma visita e/ou revisitação aos escritos benfazejos da socióloga Marilena Chauí ajudará a desarmar os espíritos e arejar “cucas legais“.
                                                                                                                                                                                                          
Polícia é um bem da sociedade, nasceu para mediar conflitos e restaurar a paz. Deste modo, afora isto, há que se perguntar: denegrir a imagem de instituições bicentenárias, incumbidas de preservar a liberdade, proteger vidas, propriedades e rechaçar a organização do crime, não é tentativa de desvio de foco? A quem interessa? Abra-se o debate. Enfim companheiros! eia à reflexão e ao “combate”.


                                          ANDRÉ SOUSA SANTOS - TEN CEL PM
________________________________________________________________ Salvador, 03 de junho de 2007. e-mail: andresstos@yahoo.com  Graduado em Direito UFBA/81,  Pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior UEFS/99 e Especialista em Gestão de Segurança Pública UNEB/2001.