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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

PMBA resgata a história homenageando militares executados pelo Banditismo do Cangaço

Jaguaraci Barbosa
A Polícia Militar e a sociedade queimadense se reuniram no centro da cidade para render uma justa homenagem a sete policiais militares executados brutal e covardemente pelo Banditismo do Cangaço. Para tanto, a Corporação e a prefeitura de Queimadas realizaram um grande solenidade cívico militar, com a participação da população, neste domingo (22) de dezembro, data que marca a barbárie.

No ato, o Comandante Geral da PM, Coronel Alfredo Castro, e o Prefeito Tarcísio de Oliveira reinauguraram o Destacamento da PM, batizado com o nome de um dos mártires, Aristides Gabriel de Souza. Após a solenidade, que contou discursos, resumo histórico e desfile de tropa, a multidão acompanhou as autoridades em cortejo até o cemitério Municipal, onde, no túmulo dos heróis, havia sido afixada uma placa em memória deles e foram depositadas corbélias, em seguida foi executado o toque de silêncio e feitas orações.

"Um dever que estava em minha consciência, resgatar a História de Queimadas. Sinto-me gratificado”, definiu o Coronel Souza Neto, cidadão queimadense e idealizador da homenagem, ao falar de seu sentimento. Em suas palavras, o Coronel Castro enalteceu a importância de homenagear nossos heróis e agradeceu o reconhecimento da sociedade ao sacrifício deles: Aristides Gabriel de Souza, Olímpio B. de Oliveira, José Antonio Nascimento, Inácio Oliveira, Antonio José da Silva, Pedro Antonio da Silva e Justino Nonato da Silva. 
solenidade – A comunidade local e adjacente logo cedo começou a se acomodar na praça, onde fica a Cadeia Pública, local da chacina, à espera do início do evento e vibrou com a chegada da tropa e das autoridades. O relato dos fatos, em riqueza de detalhes, prendia a tenção de todos: desde as crianças até os idosos e isso permitia ouvir no meio do público pessoas dizendo “parece que estou vendo”. Então vamos ver:






O fato - Na tarde do dia 22 de dezembro de 1922 a cidade de Queimadas foi palco de uma tragédia de grandes proporções. Seguindo sua trajetória errante nos sertões, o bandido Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, a frente de um numeroso grupo de cangaceiros, invadiu a sede do município para perpetrar uma das maiores barbaridades de sua história recheada de crimes sanguinários.

Utilizando-se dos mesmos métodos empregados em centenas de cidades do interior dos sete estados que atormentou durante quase três décadas, Lampião cortou as linhas de transmissão do telégrafo da cidade, único meio de comunicação com o mundo externo à época. A seguir, dirigiu-se à sede do destacamento da Força Pública, atual Polícia Militar da Bahia, situado na Praça da Bandeira, no centro da cidade. Lá, surpreendeu o efetivo de serviço, composto naquele momento pelos soldados Aristides Gabriel de Souza, Olímpio B. de Oliveira, José Antonio Nascimento, Inácio Oliveira, Antonio José da Silva, Pedro Antonio da Silva e Justino Nonato da Silva, libertando os presos e trancafiando os policiais militares. O sargento Evaristo Carlos da Costa, comandante do destacamento, atraído pelo silvo de um apito, expediente utilizado para convocar os policiais militares ao quartel, também foi preso pela quadrilha.

Com a aterrorizada cidade sob seu domínio, Lampião passou a saquear aqueles que possuíam algum recurso financeiro, exigindo quantias pré-estipuladas de acordo com suas próprias impressões. O sargento Evaristo foi colocado entre o bando e obrigado a percorrer as ruas da cidade durante o saque, desarmado, sem chance de esboçar qualquer reação.

Terminada a operação criminosa, Lampião e seu bando passaram a se dedicar a mais odiosa das ações encetadas naquele fatídico domingo: retornaram ao destacamento, posicionaram-se em frente à sede e retiraram, um a um, os soldados presos. Ao saírem, foram baleados e, com requintes de crueldades, friamente abatidos a golpes de punhal. Mesmo diante de tão trágicos destinos, registraram-se cenas da mais enraizada coragem, a exemplo do soldado Aristides Gabriel de Souza que desafiou o chefe dos criminosos a encará-lo sem a cobertura dos demais cangaceiros. Por esse ato de bravura, sofreu uma morte mais dolorosa que os outros, sendo executado com redobrada intensidade.

Poupado em razão de um pedido feito por uma moradora da cidade, D. Santinha, esposa do coletor federal, Sr. Anfilófio Teixeira, a Lampião, em função da admiração que esta nutria pelo policial militar, haja vista a identificação positiva construída com a comunidade, o sargento Evaristo não conseguiu assistir à chacina pedindo para morrer primeiro ou se retirar do local, tendo o líder da súcia lhe ordenado a retirada imediata.

Encerrado o trucidamento dos policiais militares, Lampião, como prova do seu completo desprezo à vida, ainda permaneceu na cidade até a madrugada, promovendo, inclusive, um baile para o qual forçou o comparecimento de inúmeras famílias, em que pese o estado de choque que tomou conta dos moradores de Queimadas diante dos acontecimentos.

Por fim, abandonou a cidade deixando para trás uma população traumatizada pelas barbaridades presenciadas, profundamente enlutadas pelo infeliz destino daqueles que a protegiam.

Hoje, a PMBA, em conjunto com a sociedade queimadense e de toda a região, presta as merecidas homenagens aos heróis que tiveram o sangue derramado na defesa da paz e da tranqüilidade pública. Ao realizarmos este merecido preito, mais do que o cumprimento do dever, o que nos move é a certeza de contribuirmos para uma Bahia melhor pelo devotamento à causa policial militar, que se resume em bem servir à população baiana.

Que nossos heróis descansem em paz!!!!


Portanto, desde o ano de 1825 e prestes a completar 190 anos, a Polícia Militar da Bahia caminha, lado a lado, com a sociedade baiana em prol de uma coletividade melhor. Esse desejo, que na verdade se confunde com o objetivo de todo ser humano, indistintamente, exige de nós um caminho de sacrifícios que ultrapassa os limites da razoabilidade, se comparada a qualquer outra profissão. Diariamente, registramos atos heroicos de companheiros ou companheiras que no afã de proporcionar a tranquilidade merecida à população arriscam a própria vida, às vezes até a perdendo.

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