Atingido por um tiro de fuzil, o cinegrafista da TV Bandeirantes, Gelson Domingos, 46 anos, morreu a caminho do hospital. Uma tragédia anunciada, que se concretizou durante operação da PMRJ, neste domingo (6), na Favela Antares, no Rio de Janeiro.
Não raro vemos por todo o Brasil, inclusive na Bahia, uma busca desenfreada da mídia por acompanhamento de operações policiais, em áreas de risco, preferencialmente com confrontos. O problema é que os jornalistas – geralmente de programas sensacionalistas – não dispõem de equipamentos muito menos de treinamento para transitar na linha de tiro, resultado:
Agora é certo que vão buscar um culpado, mas quem será? A emissora? Por não dar as condições necessárias de trabalho. A polícia? Já que permite e até incentiva tal ação em busca de publicidade. O ministério público? Que reprime os pais por corrigir seus filhos, mas permite que estes sejam mostrados estirados na hora do rush, certamente acharemos outros culpados em potenciais.
Pouco importa saber quem tem culpa, o fato é que agora há mais dois filhos sem pai, uma mulher sem companheiro, entre outros entes desamparados. Se a lição não provocar mudanças imediatas, a cena logo em breve irá repetir-se, pois esse tipo de atuação dos jornalistas é extremamente desnecessária, visto que em nada contribui para o bem estar da sociedade.
Por mais que tais acompanhamentos satisfaçam o ego de uns e dê audiência a outros, representam, nada mais – nada menos, que a exploração da miséria dos miseráveis e da própria polícia. Esta, que deveria ser o último braço do estado no controle social, vem sendo remédio para todos os males, frente à ausência de políticas públicas eficazes em ramos como saúde, educação, trabalho.
Jaguaraci Barbosa
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