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sábado, 29 de junho de 2013

PM isola a Choque, diferencia vândalo de manifestante e assegura a paz

Por telefone, o pedido de reforço policial quebra o silêncio de um dos poucos momentos de trégua. As palavras do comandante de uma das guarnições da Tropa de Choque revelam um método. “Comando, olhe só: viatura aqui, com polícia para quebrar o pau! O jeito é esse: descer a madeira!”.


A solicitação, feita em plena Avenida Sete durante as manifestações do dia 20 de junho, está num dos vídeos que denunciam a ação desproporcional da polícia nos protestos. “O jeito é descer a madeira”, repetiu o policial, em uma tarde marcada pelo confronto com utilização de muitas bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha.  



Corta para o dia 27 de junho, quinta-feira, uma semana depois daquele confronto. A mesma polícia que “desceu a madeira” tomou uma postura diferente. Resultado: paz - como na primeira manifestação pelo passe livre no Iguatemi, no dia 17 de junho.

Escolhido na quinta-feira como negociador do protesto que seguiria do Campo Grande até a porta da prefeitura, o coronel Sérgio Baqueiro, do 18º BPM (Centro Histórico), optou por cumprir  o que sua função pedia: negociar.

Com um carro de som, dialogou. “A falta de uma liderança nos protestos torna difícil as negociações. Com o carro de som falamos para todos”, explicou. Inicialmente, uma barreira de policiais foi colocada na Praça Castro Alves. Baqueiro então explicou que liberaria a passagem dos manifestantes com uma condição. “Que eles próprios fizessem um cordão de isolamento, com os braços entrelaçados, para que chegassem com calma à prefeitura”, lembra. A Tropa de Choque manteve-se distante. “A Choque só deve ser acionada em último caso. Conseguimos negociar dessa vez. A estratégia deu certo e ficou tudo na paz”, afirma Baqueiro.

“Nossa opção dessa vez foi negociar, negociar e negociar, sem aceitar provocação dos vândalos”, disse o coronel Nonato Leite, que também comandou a operação de quinta-feira, só que na Lapa, onde 13 baderneiros foram detidos com pouco uso de força. 

Excessos 
Fato é que, na quinta-feira, nem parecia a mesma PM que avançou sobre manifestantes no Vale dos Barris, no dia 20. Naquele dia, um jovem de 27 anos, que tem medo de se identificar, denuncia ter sido espancado por um grupo de policiais da própria Choque no 5º Centro de Saúde. “Antes de me pegarem, jogaram gás de pimenta em uma família. Aí chamei de covardes e, de tanta raiva, xinguei. Foi a deixa para me encherem de porrada”, disse, ainda com manchas roxas nas costas.  

No dia 22, houve ações de dispersão no Iguatemi e no Dique do Tororó. Após as operações, dezenas de fotografias e vídeos foram publicadas nas redes sociais condenando a forma da PM agir. Em uma gravação, uma mulher é puxada pelos cabelos por um policial, exigindo que ela apague imagens feitas pelo celular. “Apague! Apague!”. 

Um outro PM se aproxima do manifestante que grava a ação e também exige que o rapaz apague tudo. Neste caso, há ameaça direta. “Aqui, ninguém vai te fazer nada, né? Mas, se eu pegar a sua foto, eu vou saber onde você mora e é daquele jeito”. 

 De lá para cá, o próprio comando admite uma mudança. “Houve uma natural reavaliação. Isso vem com o exercício da negociação, do diálogo e, claro, com a mudança de postura dos manifestantes”, informou a assessoria de comunicação da PM, que, em nota oficial, garantiu apurar todos os excessos. “Inclusive os que estão expostos em vídeos e fotos”.

Correioda Bahia

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